terça-feira, 11 de setembro de 2012

Rubem Fonseca uma nova corrente na literatura brasileira contemporânea que ficou conhecida ,em 1975 através de Alfredo Bosi ,como brutalista . Em seus contos e romances utiliza-se de uma maneira  de narra na qual destacam-se personagens que são ao mesmo tempo narradores.Várias das suas histórias (em especial, os   romances)são apresentadas sob a estrutura de uma narrativa policial, com fortes elementos de oralidade.O fato de ter atuado como advogado,aprendido medicina legal,bem como ter sido comissário de polícia ,nos anos 50 no subúrbio do Rio de Janeiro teria contribuído para o escritor compor histórias do submundo dentro dessa linguagem direta.Muito provavelmente devido a isso,vários dos personagens principais em sua obra são(ou foram)
delegados,inspetores,detetives particulares ,advogados criminalistas,ou,ainda  ,escritores.
Além do tom nitidamente policialesco ,em que há geralmente um crime ou um mistério a ser desvendado ,sua obra pode ser vista como uma paródia do gênero policial tradicional,visto que os crimes,atuam apenas como um disfarce de sua críticas a uma sociedade opressora do indivíduo .No gênero policial tradicional o mistério funciona como uma casca que encerra um caroço ;ali a "morte não é nada.O assassinato não é nada .O que transtorna é a selvageria do crime ,porque ela parece inexplicável ".(BOILEAU e NARCEJAC ,1991:11)A Rubem Fonseca -mais do que simplesmente deslindar o ato criminoso - interessa registrar o cotidiano terrível das grandes cidades e, simultaneamente ,por a nu os dramas humanos desencadeados pelas ações transgressoras da ordem .
Rubem Fonseca é pródigo em deixar as coisas para o leitor completar .Ao escrever ,o autor deve supor um interlocutor inteligente ,culto,atento.Com uma inesgotável  amplitude de experiências e observações ,tornou-se capaz de escrever com a mesma verosimilhança sobre halterofilistas e executivos,marginais e financistas,delegados de polícia e assassinos profissionais ,garotas de programa e pobres diabos sem destino pelas ruas do Rio de Janeiro .Tem,pois, como matéria-prima os dois extremos da nação : os que vivem a margem do sistema e os que constituem o núcleo privilegiado do mesmo.
O que mais nos romances e contos de Rubem Fonseca é o amoralismo dos bandidos .Em nenhum momento eles são atormentados por qualquer remorso ou culpa .São perversos e frios ,venham dos estratos superiores ou das camadas populares .As cidades parecem vazias de inquietação ética , a não ser alguns indivíduos que, em meio ao horror ,agem movidos por um sentimento qualquer de justiça .A relação entre "mocinho" e "bandido" está presente em suas obras ,contudo não nos é possível identificar exatamente quem é um e quem é o outro ,pois há uma grande transitividade entre ambos fazendo com que ,por exemplo,Wexler suponha que o criminoso em A grande arte seja ,até mesmo o próprio Mandrake ":Pode ter sido qualquer pessoa .Pode ter sido você ,Mandrake".(FOnseca 1983:296).
Rubem Fonseca é extremamente reservado ,avesso a entrevistas e fotos.Já recebeu vários prêmios ,incluindo alguns ligados ao cinema ,área em trabalhou como roteirista.

Dirceu Neto n°7

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